Histórico da Cidade

 

 

Origem do nome Alto Jequitibá.

 

Desde menina ouvi a história que os desbravadores mais antigos e viajantes descansavam ao pé de uma grande árvore de Jequitibá. Então sempre que se referiam ao local a chamavam de Alto Jequitibá, e assim quando começaram a povoar o lugar, conservou-se o nome Alto Jequitibá. Porém mais tarde, vim saber desta história:

 

 

_

 

Em janeiro de 1897 o Sr Francisco Eller, um dos primeiros alemães que vieram habitar nessa terra,  com esposa e filha pequena foram visitar os parentes em Nova Friburgo  e lá foi convidado a visitar a Igreja Presbiteriana, como em Alto Jequitibá não havia uma igreja, ele foi criado afastado de uma religião, mas como o pai era evangélico antes de ir para lá, lhe ensinou a base do evangelho, então ele aceitou o convite, foi à igreja encontrando lá o missionário e médico americano Rev. Dr. João Merry Kyle,  ficou tão entusiasmado que convidou-o a ir pregar em Alto Jequitibá e esse aceitou (os detalhes serão contados na história da Igreja Presbiteriana). Meses mais tarde quando fora buscá-lo em Carangola, viajem à cavalo, este lhe perguntou ao ver tantos jequitibás frondosos e altos, se este era o motivo de chamarem a terra de Alto Jequitibá, ao que ele respondeu:

 

_ Reverendo, antes do meu avô, Guilherme Eller, mudar-se de Friburgo para cá, antes de existir uma única casa nesta região, o lugar já era conhecido por Alto Jequitibá ou Pouso do Alto Jequitibá. E a razão disso dizem ser a seguinte:

 

Quando D. João VI, rei de Portugal, estava passando uma temporada no Brasil, pressionado por um tal de Napoleão Bonaparte...

_ Ó Francisco, Napoleão Bonaparte era imperador francês e querendo dominar o mundo inteiro, invadiu também Portugal. mas... continua.

_ Pois é, D. João mandou abrir uma estrada em plena mata virgem ligando vitória no Espírito Santo à Vila Rica do Ouro Preto em Minas, com a finalidade de agilizar os meios de comunicação da época, isto é, para os estafetas (correios à cavalo) levassem mais depressa a correspondência vinda do exterior ou do nordeste para as cidades mais importantes de Minas, onde circulava muito ouro: São João Del Rei, Vila Rica, etc. evitando que essas correspondências fossem ao Rio de Janeiro e de lá, via Petrópólis, juiz de Fora, Barbacena, vinha chegar ao destino com muito atraso. Esta estrada passou a movimentar muitas tropas e produtos vindos do Rio Doce, por isso os moradores de Santa Luzia de Carangola resolveram abrir uma picada ligando essa cidade àquela estrada, justamente aqui onde estamos passando. Certo dia os trabalhadores já se aproximando dos trechos finais da picada avistaram uma árvore de copa muito frondosa e mais alta que todas as que já tinham visto. Era um jequitibá, muito abundante na região juntamente com cedros, perobas, angelins. A Altura da árvore e a exuberância de sua copa chamou a atenção e despertou a curiosidade dos trabalhadores que apressaram o seu trabalho, dobrando o número de foiçadas com a finalidade de chegarem até à tal árvore, o que se deu ao entardecer. Era a primeira vez que se teve notícias que o homem branco tenha pisado debaixo daquele "alto Jequitibá". Antes talvez índios, antas, macacos, onças, capivaras, outros bichos e muitas aves tenham tido contato com a tal alto Jequitibá. Pois bem, os trabalhadores cansados daquela jornada resolveram pousar ali debaixo, onde encontraram um extenso e macio colchão de folhas. Nas proximidades corria uma água límpida,  fresca e abundante de nascente próxima. No dia seguinte prosseguiram com a picada, mas voltaram a pousar debaixo do Alto Jequitibá. Pronta a picada a maioria dos tropeiros passaram a fazer daquele Alto jequitibá um pouso confortável, seguro e aconchegante nas suas trajetórias entre a estrada de D. João e a vila de Santa Luzia de Carangola. Quando uma tropa passava por outra naquelas redondezas, era freqüente a pergunta: "Onde vocês pousaram hoje? E a resposta era; "Lá no alto jequitibá"

Por isso é que mesmo antes de existir moradores ali o local já era conhecido por Alto Jequitibá.

_ Gostei do nome e da história, disse o missionário e prosseguiu:

_ E esse rio, como se chama?

_ Esse é o Rio Jequitibá, respondeu Francisco

_ E qual a razão do nome? Será devido ao alto jequitibá?

_ Sim e não. Não só por causa daquele jequitibá, mas por causa de inúmeros outros que serpenteiam as suas margens, desde a sua nascente nas proximidades de onde passamos há algumas horas atrás, num local mais plano, chamado Vargem Grande, até a sua foz no rio São Lourenço do Manhuaçu. Assim respondeu Francisco.

 

As primeiras famílias a se estabelecerem em Alto Jequitibá

 

A primeira família que aqui chegou foi a Sanglard, os irmãos Eugênio e Leon Antonio, de origem suíça e católica, se estabeleceram no córrego Jacutinga e com eles vieram os escravos. Lhes sucederam em 1868 a família Eller, Guilherme, seu filho Pedro e familiares, imigrantes alemães luteranos que vieram para o Brasil na primeira leva de colonos vindos da região central da Alemanha no navio Argus. Em uma de suas viagens à ponte Nova-MG, adquiriu terras em Alto Jequitibá e assim em 1968 com 60 anos de idade, veio conferir a fertilidade das terras adquiridas Eles abriram picadas, derrubaram árvores frondosas e plantaram o novo café Java que Jorge Gripp conseguira preservar em Macaé, e o resultado foi fantástico - o café demonstrou grande produtividade, como também o milho, arroz, feijão, e tudo o que conseguiram aqui plantar.

 

Quatro anos depois morre Guilherme Eller, deixando a viúva Carlota Eller e dez filhos. Seus herdeiros receberam a Fazenda Angélica em São José do Ribeirão (RJ), propriedades em Duas Barras (RJ), terras na freguesia de Santa Margarida (MG) e uma grande área de terra no Alto Jequitibá (que pertencia a São Lourenço do Manhuaçú) e coube a Carlos Henrique Gripp esposo de Catharina Eller sua filha, junto com outros herdeiros cuidar dessas terras (Eller, Verly, Faria e Emerich)

 

A fama de sua riqueza e fertilidade estimularam a vinda de outros colonos alemães e suíços, como Heringer, César, Loubach, Breder, Schuab, Spamer, Storck, Caterink, Klein, Cardoso, pinheiro, Carvalho, Martins, Gomes, Emerick e outros. Cada família foi cuidar de abrir sua clareira na mata, tirar madeira para construir sua casa, fazer sua plantação básica e depois foram cuidar de plantar o café. Eram um povo solidário, um ajudava o outro a construir suas casas e a plantar. Enquanto eles abriam as matas e construíam suas habitações , no início ranchos que mais tarde deram lugar às casas, suas mulheres e crianças ficaram no Rio de Janeiro (Duas Barras, Cantagalo, São José do Ribeirão ou Friburgo).

 

Assim a população de Alto Jequitibá foi aumentando, no início só meio rural, construíram moinhos, monjolos, engenhos de cana, tachas para fabricarem o melado e a rapadura e o açúcar mascavo. Os menos abastados que não tinham condições de construí-los, serviam-se dos visinhos. Nos moinhos era praxe tirar a marquia em vez de cobrarem a moagem em dinheiro. Os carpinteiros faziam as caixas de cedro com orelhas dos dois lados para medidas de milho, fubá, de 20 litros(1/2 alqueire)  10 litros (1 quarta) e 05 litros (meia quarta).

 

Segundo alguns, a urbanização ocorreu após a cessão de terras por parte de Dona Catharina Eller para esse fim.

 

...continuará...

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia: - Livro História da Igreja de Alto Jequitibá - de Anderson Sathler e outros

 

Site oficial da PMAJ: http://www.pmaltojequitiba.com.br/

 
voltar         topo